não posso me comover tanto
senão derramo a poesia mas mantenho a filosofia refém
o que faço então com mil palavras desatinadas querendo sair pela boca?
aonde guardo as cinzas do vulcão?
não posso sair por aí ligando para pessoas que eu mau encontro
amigos virtuais, irreais, instantaneos como as comidas que nos são oferecidas nas prateleiras das delicatessens populares
uma vida delivery
por favor, com muito curry
já que não devo andar por aí á noite, sem eira nem beira sentindo os cheiros da cidade
já que existe um manual de normas e comportamentos que não comportam as permissividades tolas, os grandes devaneios,os sonhos impossíveis
a angustia é vã num mundo de substituições à jato
de remédios tarja preta que dão uma jeito rápido no sentir-se só
revistas e jornais
programas de televisão, diplomas, namorados, vestidos,contas bancarias
tudo sendo engolido pela centrífuga do tempo
quero uma vida delivery
por favor em 5 minutos
já que não saber ingles pode me prejudicar as finanças
não pintar as unhas pode me fazer sofrer e dormir de menos pode me cansar
quero uma vida delivery
para por essa outra fora, começar do zero
e me salvar.
quinta-feira, 7 de abril de 2011
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Um comentário:
ficaria bem em Portugal, as mulheres, em geral, não ligam tanto pra pintar as unhas. Adorei o texto! :*
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