quinta-feira, 14 de dezembro de 2017

MUITAS CONVICÇÕES,POUCOS BEIJOS

No rolê:
-Oi tudo bem?O teste do facebook disse que voce me ama em silencio...
-Foi mal mas o facebook errou,só me interesso por sua amizade.
-Me desculpe mas os algoritmos do facebook nunca erram...já pode me beijar(e parte para cima do cara)
-Hey!Para com isso,ta maluca? Já disse que não quero nada com voce.
-Mas e o teste?
-Sei lá...tô nem aí para seu teste.
(garota começa a chorar)
-Para com isso...ta chorando porque?
-Porque achei que o teste tava certo e vim aqui falar contigo. Agora to morrendo de vergonha...
-Calma!Também nao precisa ficar assim..detesto ver mulher chorando.
-Já to melhor,obrigada.Me desculpa,sou muito precipitada.
-Tô vendo...qual seu signo?
-Libra,eu acho.
-Nossa!Que coincidencia...é meu signo complementar.Eu sou áries.Pensando bem vem aqui...da cá aquele beijo.
-Desculpe mas não acredito em astrologia.Na verdade sou materialista e acho bem besta acreditar em signos. 
Tchauzinho.

POEMA URGENTE (ou ASSEDIADOR )

Vou fazer um poema rápido e rasteiro...
Pra te dizer que penso em ti o tempo inteiro
Vou fazer um poema bobo e fulgaz...
Pra te mostrar que sem você não tenho paz
Vou fazer um poema e musicar...
E se nem isso adiantar,
Vou correr pelada,
Gritar na tua rua de madrugada
Tacar pedra em tua janela da calçada
Mas será que isso tudo te importa?
Se eu disser que ainda chovo na tua horta?
Poderia abrir a porta?
Ainda lembra de mim?
Não?
Sim?
Responde logo,por favor
Ou hoje mesmo me mato de amor.

ÀS ÚLTIMAS CONSEQUÊNCIAS

A pior coisa que você pode fazer é chegar em casa e lembrar que é escritora...
Logo uma angustia ameaçadora paralisará o seu corpo e seus sentidos só farão algum sentido se voce sentar a mão no teclado...Ou no caderno...Ou na máquina de escrever...Talvez no bloco de anotações do seu 3G.
Já houve ocasião em que entrei no bar bem louca,pedi emprestada uma caneta e roubei 10 guardanapos de papel.
Não chega a ser cruel...
Ah! E teve aquela vez vândala que rabisquei minhas frases no banco do onibus.
Por mais incrível que pareça ja transcrevi palavras balbuciadas de um gravador... Não lembro exatamente mas acho que me foi emprestado por um amigo no verão de 2005.
Já escrevi com um canivete em mãos...uma letra apenas,que me custou uma semana de dor no antebraço,uma cicatriz que escondi com uma tatuagem e um emprego perdido.
Já escrevi em surto,concentrada no meio de uma reunião de trabalho,durante um jogo de buraco e em uma parede próxima à Central.
Já escrevi cartão de Natal...
Também na areia da praia,na casca de uma batata e nas costas de alguém,depois de fazer amor.
Já escrevi sentindo prazer e sentindo dor...
Nunca escrevi na prisão,mas o faria se fosse necessario.
Ao contrario do que as pessoas imaginam, pode -se levar esta palhaçada(brincadeira?) às últimas consequências.

FIM DE TARDE NA URCA

O vento sopra forte em frente à Ufrj.
No sinal,uma senhora segura firme a mão de uma criança para atravessar a rua..
Um gato preguiçoso sucumbe e cai do muro.
Um paciente do Pinel grita...
O mundo não é facil de ser decifrado,talvez por isso o cara esteja perturbado.
Os ultimos raios de sol se amotinam atrás do morro da Urca e o coração de Elizabeth salta pela boca quando do nada ela dá de cara com Hugo, dobrando a esquina.
"Que sina! Seu bairro fica uns 5 bairros pra lá...ele faz o que aqui?"
-Que surpresa!Tomamos uma cerveja?
-Ah claro que sim! Segura pra mim?Preciso amarrar o sapato...
O vento sopra forte em frente à Ufrj e também na mureta da Urca.
No torpor da 3°cerveja e sob a penumbra latente e bela da baía de Guanabara dois amantes se reencontram e se beijam.
Na praia, depois do antigo cassino, os umbandistas lutam para manter as velas acesas.
Então se faz noite de Iemanja e as Deusas sopram sobre o mar um vento que tem a força de mil sereias misteriosas.
No Pinel o paciente voluntarioso dorme agora placidamente, abatido por substancias benzodiazepinicas certeiras, que bailam em sua corrente sanguínea a dança de Morfeu.
O gato preguiçoso se aninha embaixo de uma árvore depois de ter comido uma salsicha jogada à ele por um estudante de pedagogia.
Segue a noite e depois dela mais um dia .
Depois outro e outro e outro...
Elizabeth se casa com Hugo e num esforço sublime pari 2 filhos para em seguida pedir o divórcio.
Casa-se novamente com Mariano que morre 3 anos depois, assim como já morreu o gato e um dia morrerá o louco do hospício e também os umbandistas que creem em Deus.
Ela propria, Elizabeth,com sorte,morrerá antes de seus filhos.
Tudo há de morrer como esta historia que pinga relatos e mal consegue manter-se nos fatos, tampouco consegue explicar o quanto tudo é efêmero, mesmo se fazendo entender e tentando lembrar que tudo que importa na vida é amar...