sábado, 14 de maio de 2016

Tenha à mão uma Bic


Alguns poemas saem tão facilmente
são quase como um espirro.
Sugiro, caso isso não lhe aconteça, que você não se esqueça,
que alguns poemas se governam de tal maneira
que não adianta querer,
beber,
puxar.
Um poema dono de si não respeita ninguém, ele simplesmente vem,
rasga, grita, inflama na hora que ele bem entender,
doa a quem doer.
Mas  se o poema teima em não sair (e isso acontece, devo lhe prevenir),melhor é deixar quieto...
ele quer ficar sossegado no universo dos indizeres, soterrado como os que se calam para sempre
ele prefere ser silencio do que virar palavras jogadas ao vento.
Mas preste bem atenção :
é um infortúnio quando um poema pula pra fora de supetão
e  não existe nem lápis,nem teclado,nem  carvão
pra deixar registrado o que poderia ter sido só um engasgo,
um suspiro de encanto ou desencanto pela  vida.
E como é triste perder um poema!
por isso, para que o poema com você fique
tenha sempre a mão uma Bic
e acostume-se a olhar o mundo feito criança
Para que à vontade, o poema deixe alguma lembrança
e não parta sem se despedir.

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