sexta-feira, 9 de novembro de 2018

BUDISMO PÓS MODERNO

Nessa cidade com seis milhões de habitantes
eu só queria me perder de todo mundo
Me perder e te encontrar
Te prender e me soltar
Nessa cidade dúbia impregnada de amor e morte eu queria ter a sorte
De cruzar contigo na rua
Ter de ti todo o chamego,toda a ternura
Meus desejos mundanos sendo um a um saciados
Andar sem olhar pros lados
Meio viva,meio morta
Iluminada às quatro da manhã como uma lâmpada de 120 watts
Apagada às duas da tarde...capotada, já prestes a devorar a sobremesa
Quanta tristeza,saber que tá tudo errado
Os acordos pré combinados
Bodisatva numa vida dolorosamente vazia
Mistério,aniquilação,teorema
Eu queria ir contigo ao cinema
Comprar pipoca na calçada da cidade caduca
Fundir de vez com a minha cuca
Tentando entender em que capítulo você deixou de me amar ou, se tudo não passa de um sonho ruim
Pra mim,nessa cidade de seis milhões de habitantes,ninguém entende porra nenhuma da existência
Bodisatva burguês na Zona Sul
Estopim de bala na Baixada
Mataram dois jovens na madrugada
Satsang com a polícia
Karma do menino negro confundido com bandido.
Queria um mapa demográfico pra visualizar aonde pernoitam os corações mais vermelhos da capital, mas na hora da morte todo sangue que escorre é igual,e tem aquele mesmo gosto de ferro
Eu não exatamente te venero,mas queria só me acomodar, porque procurar amor na cidade violenta dá uma preguiça danada
Preferia estar contigo deitada
Nosso samsara particular e a senha do Netflix da tua mãe
Nirvana dos corpos acompanhados de felicidade supramundana...sexo,chocolate, coca cola
Mas você preferiu ir embora
E nesta cidade de seis milhões de habitantes me acostumei a ser só mais uma na multidão, buscando minha paz solitária,sempre atropelada pelo grande veículo.

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